2 de julho de 2009

Borba Gato: o bandeirante de Santo Amaro

Monumento histórico que fica na entrada do bairro é uma homenagem do artista Júlio Guerra

Borba Gato

Manoel de Borba Gato foi um bandeirante paulista do século XVII. Era genro de Fernão Dias Paes que entregou a missão de chefiar os bandeirantes quando teve um pressentimento de que iria morrer. Viveu praticamente nas selvas, durante 20 anos, entre 1680 e 1700.
Borba Gato foi responsabilizado pela morte de Dom Rodrigo, um espanhol que vistoriava as terras de Minas Gerais, e foi obrigado a evadir-se do sertão, refugiando-se na casa do seu tio, às margens do rio Doce. Mais tarde, conseguiu por intermédio de sua família e amigos ser inocentado do crime que lhe era imputado.
Agradecido por ter sua liberdade reabilitada, revela ao Governador a localização das minas de ouro que descobrira - assim pode retornar ao convívio com seus familiares. O governador nomeou-o Guarda-Mor, da região de Minas, com a função de recolher para a metrópole os quintos de ouro, conforme mandava a lei e apesar de uma vida de sacrifício e problemas, seus dias terminaram em paz.

O monumento

Revestida de pedras brasileiras, coloridas e grandiosas, a estátua do bandeirante foi inaugurada em 27 de janeiro de 1963. Criada pelo artista Júlio Guerra (1912 – 2001), a escultura demorou seis anos para ser construída com cerca de 10 metros de altura e pesando 20 toneladas.
Trajando roupas do século XVII, Borba Gato mantém-se em posição ereta, com olhar perdido no horizonte e segurando um enorme trabuco em posição de descanso. O pedestal, revestido de granito rústico, mede aproximadamente 2 metros de altura.
Atrás da estátua, a cerca de 25 metros de distância, uma estrutura forma de cubo é recoberta por quatro painéis em mosaico de pastilhas, com cenas evocativas de personalidades e fatos ligados à história de Santo Amaro: Anchieta e Caiubi, tendo ao centro o brasão do bairro e o rio Jurubatuba e os primeiros colonos alemães, João Paes e Suzana Rodrigues doando à nova capela a imagem de Santo Amaro.

O guardião

Algacyr da Rocha Ferreira, 71 anos. Professor de artes plásticas, conheceu o artista Júlio Guerra, por intermédio de seu tio, Joaquim da Rocha Ferreira, que lecionava com ele na Escola de Belas Artes de São Paulo. Por isso acompanhou todo o trabalho e a inauguração do monumento Borba Gato. “Era rapaz ainda, tinha 17 anos, mas lembro como se fosse hoje da festa. Houve a presença de várias personalidades da cidade, políticos e artistas” e completa “O Júlio fez uma homenagem bonita, colocando o nome de algumas pessoas presentes na festa na base do monumento”.
Em 2001, no ano de seu falecimento, o artista deixou uma carta assinada com sua filha, solicitando que todas as restaurações e limpeza de suas obras fossem acompanhadas pelo professor Algacyr, por ele ter acompanhado seus trabalhos e com o intuito de não descaracterizar a obra original.
Desde então, ele vem acompanhando e orientando a limpeza da obra, entretanto, como o próprio diz, está muito “bravo” com o que fizeram na última. “Passaram cal na base do monumento, onde estavam escritas as homenagens do artista e cobrindo também as pedras que fazem parte do monumento”, reclama. Segundo ele, já enviou vários pedidos ao DPH (Departamento do Patrimônio Histórico), para autorizarem que ele restaure a obra, pois “caíram várias pedras e está precisando de um rejunte de cimento em algumas partes”, ressalta.
De acordo com a Administração do DPH, desde 2001, é mantida uma equipe especializada em limpeza conservativa dos monumentos, em um trabalho conjunto entre o LIMPURB (Departamento de Limpeza Urbana da Secretaria Municipal de Serviços e Obras), Secretaria das Subprefeituras e o DPH. A limpeza periódica não utiliza qualquer produto químico, adotando um intervalo de no mínimo seis meses, entre uma limpeza e outra, pois o processo sempre acaba por contribuir no desgaste da obra.

Herói ou Vilão?

Para quem passa diariamente pela obra ou para os comerciantes da região o monumento pode ser considerado uma homenagem, mas nem todos conhecem sua história ou a do artista que a fez. “Trabalho aqui há mais de 10 anos e quase ninguém questiona sobre o que é ou quem foi Borba Gato”, revela o comerciante Luís Lima, dono de um restaurante, próximo ao monumento. Questionado se conhece a história dos bandeirantes, diz: “Li algumas coisas sobre eles, foram importantes para o país, mas não concordo com o modo de trabalho que levavam, matando algumas pessoas por causa de pedras e esmeraldas”.
O frentista Alex Ribeiro, que trabalha em um posto de gasolina em frente a Borba Gato, tem uma visão privilegiada do local. “Quando o movimento está mais fraco, fico observando a estátua. Antes de trabalhar aqui, não conhecia nada sobre os bandeirantes, porém depois comecei a pesquisar”.
Sobre sua identificação com o monumento, afirma: “Não me identifico muito com o personagem, mas acho que ajudou na construção e na história do país, caso contrário, não teria esta bela homenagem, em um bairro maravilhoso como esse”, elogia.
Entre histórias de herói e vilão, carros e pessoas passando rapidamente pelo local diariamente, Borba Gato, continua com sua imagem imponente, guardando a entrada do bairro.


Letícia Iambasso

Um comentário:

Anônimo disse...

Olá !!

Eu queria mesmo tudo sobre ele .. E essa informação foi muito ultil para mim !! Esse trabalho que eu vou fazer sobre ele vai falar nota então eu vou ter que estudar e escrever tudo isso ...

Xau .. Abraços

E muito obrigada ... Fuii