3 de junho de 2013

De manhã no metrô


O silêncio evocava uma cumplicidade nesta manhã entre a curta viagem entre as estações Paulista e Faria Lima do metrô.

Mas em meio à turbulência e a falta de espaço aceitada facilmente pelos usuários do transporte, uma pessoa desafiava o sossego dos matutinos ambulantes com uma música:

“Eu sou metal – raio, relâmpago e trovão,
Eu sou metal, eu sou o ouro em seu brasão,
Eu sou metal: me sabe o sopro do dragão”

31 de janeiro de 2013

Espelho V


Eu estive pensando
Nos sonhos que eu tinha
Quando eu queria fazer Jornalismo
E mudar o que conhecia.

Mas depois desencanei
Como vou contar a verdade
As pessoas não querem saber
Porque cada um tem a sua verdade.

E isso ficou na minha cabeça.
E então comprei um espelho.

Um dia sonhei em contar a verdade
A verdade para todas as pessoas
Então eu comprei um espelho
E contei a verdade pra mim mesmo.

Mas tudo tem que vir espontaneamente...

Um dia me disseram que a guerra poderia ser bela,
 Na mesma hora, um tiro arregaçou suas tripas!

23 de janeiro de 2013

Luta mal armada


Hoje eu conheci a história
Não a real, mas a contada pelas forças
E chorei.
Chorei pelas ilusões perdidas
Pelas batalhas vazias
Pela luta de classes.
Luta de classes?
Qual luta?
Um manda, outro obedece
Um escreve, outro lê
Um cria, outro assiste
Um fala, outro ouve
Um compra, outro quer
Um reza, outro aceita
Um pede, outro dá
E chorei. 

12 de abril de 2012

Quem se importa? Espero que muitos!

Ontem assisti a pré-estreia do filme "Quem se Importa", documentário de longa metragem da diretora Mara Mourão. Se você estiver cansado de ouvir reclamações sobre os problemas do mundo, esse é o filme perfeito para sair da rotina de "não há o que fazer". O motivo? Ele mostra exatamente o contrário: pessoas que não ficaram somente ouvindo e vendo o que acontecia ao seu redor e foram atrás de soluções criativas e inovadoras para os problemas sociais.


O documentário traz depoimentos desses Empreendedores Sociais para mostrar quatro contextualizações com o mundo atual: o que eles já fizeram, qual foi a motivação para realizar esse trabalho, como surgiu a ideia e o que o futuro do planeta pode esperar dos jovens. 


Sim, não são os jovens que precisam esperar algo do planeta, e sim, ao contrário. Todos defenderam ali que é preciso cuidar das crianças hoje, ajudando-as na compreensão do que estamos fazendo com o nosso mundo e nossa natureza. 


Mesmo mostrando depoimentos de pessoas já reconhecidas mundialmente como Muhammad Yunus, ganhador do Nobel da Paz em 2006, o filme tem seu auge na história de Joaquim Melo, fundador do Banco Palmas, o primeiro banco social do Brasil. 


Em 1984, Melo que era padre, foi morar no lixão para fazer trabalhos comunitários. A maioria dos catadores do lixão residia na favela Palmeiras, a maior de Fortaleza. Ele, então, se mudou para o lugar. Com o passar dos anos, depois de muitos mutirões comunitários, a favela virou bairro, com saneamento básico, luz, água e também moeda própria. Foi assim que ele conseguiu que o bairro prosperasse. Incentivando as pessoas a comprar produtos comercializados na vila onde moravam, fazendo com que o dinheiro circulasse no bairro. 


Em seu depoimento, Joaquim Melo diz que precisou brigar muito para que o Banco Central aceitasse sua ideia. E ele ainda faz um desabafo que arrancou aplausos dos presentes durante a sessão: "E essa ideia não nasceu em Harvard, USP ou FGV. Nasceu aqui na favela!"


Com essa frase, acho que não preciso falar mais nada sobre o filme. Assistam e verifiquem com os próprios sentidos. Além de ser ótimo para manter acesa nossa esperança ele acende desejos e pode te dar ideias para ser mais um empreendedor social. 





3 de outubro de 2011

Um Coração Legionário

Uma vez me perguntaram qual foi o dia mais feliz da minha vida ou se eu me lembrava qual foi o momento em que eu parei e pensei que seria guardado para sempre em minhas lembranças como aquele em que é válido estar vivo.

Aquele dia, há 7 anos eu não soube responder. Nada, nenhum significado havia em minhas lembranças mais fortes, aquelas que eu guardo em meu ser desde muito pequena. E sempre que eu me lembrava dessa pergunta, me esforçava ainda para tentar respondê-la, mas meu coração ainda não mandava a resposta.

                                                                       ***
Era como se o inferno não existisse e o céu tivesse descido à terra. Aquele ônibus que não chegava logo ao seu destino. Era de madrugada ainda. Eu podia ver a neblina fria entre a estrada e a serra, enquanto o veículo fazia curvas silenciosas e suaves. Não havia sono, não havia cansaço. Somente a ansiedade tomava conta de todo meu espírito, deixando meu corpo à mercê do que ele queria: Chegar logo!

A viagem de São Paulo ao Rio de Janeiro demorava seis horas. Para mim, aquela viagem demorou 26 anos, 4 meses, 2 semanas e 6 dias.

                                                                       ***
Agora sinto estar mais perto o meu destino. Estou a poucas horas de chegar ao local dos meus anseios há 3 meses. Esperar é saber. Realizar é existir. E todo o mau humor, a tristeza e o pessimismo irão embora com toda a certeza que eu terei uma ótima noite.

Estava a quatro horas dentro de um ônibus lotado, fazia um calor infernal, o suor derretia entre minhas mãos, o trânsito não andava. Já tinha passado acidentes e havia mais trânsitos pela frente. E já eram cinco horas da tarde!

Eu estava no terceiro ônibus quando comecei a rezar. Eu tinha que ver aquele show. Nada mais importava para mim naqueles últimos dias. E tudo o que eu esperei nesses 26 anos de vida poderiam se resumir ali, naquele show daquela banda que não existia mais, mas que nunca deixou de tocar no meu coração e na minha mente.

Desço do último ônibus. Agora é só caminhar quinze minutos para pisar no solo sonhado por tantas noites insones de ansiedade e alegria. Uma, duas, três entradas. A cada passo um obstáculo é deixado para trás. A cada passo, um aperto dentro do peito. Estou cada vez mais perto de realizar um sonho.
Passo a entrada e um suspiro de alívio é meu primeiro ato dentro da Cidade do Rock. Tenho exatamente quarenta minutos de descanso. Ou de mais ansiedade. Tento não pensar muito no que está por vir. Acalmar o coração.
                                                                    ***






A Orquestra sobe ao palco. Eu estou no meio de 100 mil pessoas. Um medley com alguns sucessos da Legião Urbana é tocado durante cinco minutos para a plateia que canta em todas as músicas, seja pelo menos um refrão.

A música nem começou e eu levo a mão ao rosto para enxugar as lágrimas que já teimam em cair, antes mesmo de eu saber o que estava para acontecer. Aquelas lágrimas esperaram tanto tempo para ter seu espaço que nem ligo mais para quem está me vendo chorar, onde estou ou o porquê de tudo aquilo. Só penso em extravasar tudo o que eu demorei em sentir. No telão, algumas imagens do ídolo da banda, Renato Russo, começam a passar. E eu, como tantos fãs ali, 100 mil pessoas, não suporto ainda a ideia de não ter ele no mesmo planeta. E o choro não para.

Foi naquele momento que eu percebi que toda aquela cidade havia parado para aquele show. Os seguranças, a multidão, os ambulantes vendendo água, os jornalistas e todos os músicos ali presentes.

Quando a primeira música é cantada, “Tempos Perdidos”, é preciso mais do que força e fé para suportar toda a emoção daquele momento. Para quem nunca foi a um show da Legião Urbana, certamente sabe do que eu estou falando.

Nessa hora, fecho os olhos e silenciosamente agradeço a Deus e ao divino que me deixou viva para assistir tudo aquilo. Penso em minha mãe e meu pai que já não estão presentes e agradeço por eles terem me dado a chance de viver.

A segunda música “Quase Sem Querer” fala mais do que o universo representa para mim. E o último verso “Eu sei que você sabe quase sem querer que eu quero o mesmo que você” representa o meu amor e a minha vida. Foi nessa hora em que eu fui pedida em casamento. A vida nos guarda mais surpresas e emoção quando estamos sentido o que é realmente viver.

Extasiada, emocionada, em pequenos e singelos fragmentos eu consegui suportar toda a emoção daquela noite. E com toda aquela multidão, eu peguei na mão da única pessoa que realmente estava ali do meu lado. E não precisava mais de nada. Ela já conseguiu me dar o melhor dia, a melhor noite e a melhor lembrança que eu pude viver.

“É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã”.

O bis da apresentação, a música “Pais e Filhos” deixa um misto de saudade, alegria e nostalgia. Sei que é a última, mas ansiei por ela mais do que tudo na última semana. Cansada e esgotada fisicamente e emocionalmente eu já não sei mais quem sou ou onde estou. Meu coração aos pulos está me mandando a resposta. Aquela pergunta antes nunca respondida, agora encontrou seu caminho. Hoje eu sei que aquele dia ficará marcado para sempre como o mais feliz da minha vida.

Sobreviver ou viver. Todos os dias faço isso. Mas a data de 29/09/2011 foi o dia em que estar viva foi uma dádiva. Obrigada!  Urbana Legio Omnia Vincit