28 de setembro de 2009

"Meu primeiro clássico"

Ontem, 27 de outubro, fui assistir ao clássico São Paulo Futebol Clube X Sport Clube Corinthians Paulista. Para a minha pessoa, o jogo começou uma semana antes, quando fiquei de posse do ingresso e passei a sonhar todos os dias com o fatidico dia, dai então a ficha caiu: eu ia mesmo assistir a este jogo.
Depois de muita ansiedade, este dia chegou e esta ânsia provocou até uma certa insônia, um dia antes, nesta pessoa que nunca perde o sono. Bom, vamos em frente. Cheguei ao estádio 2 horas antes do início, sei, muito cedo, mas era melhor garantir a segurança e o lugar com melhor visibilidade na arquibancada.
Em meus quatro anos de idas ao estádio, nunca vi meu time perder e a única vez que empatou, o resultado garantiu o tetracampeonato, em 2006. Então imaginem como eu estava, com um tabu de dois anos sem ganhar do Corinthians, e uma pressão do Palmeiras, que havia ganho no dia anterior e disparado seis pontos de diferença na liderança.
Enquanto aguardava o jogo começar, ouvia a pré-seleção no rádio (pois é, além de assistir o jogo ao vivo, tem que levar o rádio pra saber o que acontece nos bastidores), quando o repórter avisa que o capitão Rogério Ceni era dúvida para o clássico, por dores na perna esquerda.
Quando a escalação aparece no placar eletrônico, com o nome de Bosco no gol, a torcida se pergunta: o que aconteceu? Pois é, nosso ídolo e melhor jogador não iria entrar na batalha, uma baixa que deixou a torcida cabisbaixa, mas não derrotada.
Gritamos e vibramos para o substituto do melhor goleiro-artilheiro dos últimos tempos como se fosse ele mesmo que estivesse ali. E garanto que ele queria estar.
Começou o jogo, você pode até pensar que era só mais um jogo, ou que não valia nada além dos três pontos, mas pra mim era como se fosse final de campenato. Eu tremia, gritava, xingava (o juiz) como se fosse.
No início o jogo estava cadenciado para os dois lados, o São Paulo estava mais com a posse de bola, e o Corinthians marcava muito bem o meio, dificultando a criação de jogadas e roubando as bolas para dar início aos contra-ataques.
Com alguns ataques inofensivos, as equipes permaneciam no mesmo ritmo, quando após um ataque corinthiano desarmado por André Dias, o zagueiro se atrapalhou no recuo de bola com o goleiro Bosco e chutou para o gol do próprio time, só não fazendo gol contra, porque o jogador Ronaldo, do Corinthians, alcançou a bola e deu um toque nela, validando assim como autor do gol.
A torcida deles, em menor número, fez a festa, enquanto os saopaulinos, cabisbaixos lamentavam o erro de seus companheiros. Apesar do incidente e do nervosismo que se abateu no time após o gol corinthiano, os jogadores não desistiram e foram mais pra cima, teve bola na trave, defesas do goleiro Felipe, escanteios, impedimentos e o final do primeiro tempo.
Na volta para a etapa final, os dois times não tiveram mudanças, o que pra mim, foi melhor assim. Apesar de algumas jogadas ofensivas, o problema do São Paulo era conseguir achar a brecha na defesa do Corinthians para encaixar a bola para seus atacantes.
Entretanto, o São Paulo voltou da mesma forma, sem conseguir criar as jogadas de ataque, e sem precisar se defender muito, já que o Corinthians se preucupava mais em manter o placar e ficou com o time inteiro atrás da linha de meio de campo.
Nessa hora, eu estava a ponto de explodir. Se tivesse um medidor de pressão e batimentos cardíacos ligados a mim, eles também já estariam em pedaços. Eu desejava o gol de empate como quem deseja um pedaço de pão em meio a fome e ele não vinha de jeito algum.
Ricardo Gomes, técnico do São Paulo, enfim decidiu mexer no time, e trocou o atacante Borges, pelo Washington. Irei confessar também que não sou a fã número um do camisa 9 e que não acreditava que o gol poderia vir pelo seus pés.
Porém ele veio. Aos 25 minutos do segundo tempo, Hernanes cruzou e Washington se infiltrou na área em posição irregular e marcou seu gol. O grito de gol, preso na garganta desde o começo não saiu.
Eu ria e chorava ao mesmo tempo, me ajoelhava, agradecia a Deus, estava em um estado de extâse. Porque? Por que futebol pra mim é isto: uma emoção inexplicável e se você não entende, antes de me julgar, olhe para seus próprios gostos e depois venha me criticar.
No final, o jogo ficou mais eletrizante, com a pressão do São Paulo pelo desempate e o Corinthians se defendendo com uma defesa muito bem posta. Se eu sai triste e desanimada? Não. Podia-se ver no rosto dos torcedores o descrédito pelo time, mas eu era a pessoa mais feliz daquele estádio (sem demagogia).
O importante é que eu ainda não vi o time do meu coração perder. Mas volto aqui para relatar quando isto acontecer.




P.S: Não falei da arbitragem porque não adianta reclamar. Para todos, é Deus no céu e arbitros na terra. Desde que eu me conheço por gente, algumas pessoas dizem que vai melhorar, que vão mudar, mas continua péssima.

Letícia Iambasso