24 de novembro de 2009

Aborto: Direito ou Crime?

O tema aborto é considerado o assunto do século para cientistas e religiosos. Enquanto as pesquisas querem mostrar que não há vida humana na formação do feto, a religião diz que dentro do ventre da mãe já há uma alma que pensa e sente igualmente a nós.
Além das Igrejas Católicas e Evangélicas, a filosofia espírita é contra o aborto e o considera um crime, porém com diferentes razões. Para a religião o primeiro dos direitos naturais do homem é o de viver e o primeiro dever é defender e proteger o direito à vida, portanto, o aborto é inadmissível.
Exceto quando há risco de morte para a mãe, estupro, ou que seja comprovado que o bebê não sobreviverá após o parto, o aborto é aceito pela lei, mas não por todos religiosos, pois argumentam que se Deus tem o controle de tudo e não cai uma folha sem sua permissão, a gravidez não pode ser interrompida.
Os motivos que mulheres consideram para interromper a gravidez, geralmente não procedem somente do estupro ou da má formação do feto. Outra justificativa preferida dos abortistas é a de que não têm condições de criar o filho ou que ele não foi desejado.
Ambas as colocações não são justas, porque se levarmos adiante esta alegação muitas crianças seriam mortas e muitos idosos seriam eliminados sob o mesmo pretexto. Impedir o direito de viver é negar os demais, como educação, saúde, cidadania, justiça e trabalho, pois eles só ganham sentido se houver o ser humano para desfrutá-los.
Ao invés dos governantes votarem no novo projeto de lei que regulariza o aborto, deveriam pensar em medidas sócio-educativas para os jovens, que cada vez mais cedo iniciam-se na vida sexual. E sem nenhuma prevenção.
Até agora, os órgãos governamentais e a mídia têm tratado os problemas sociais, combatendo apenas o efeito. Centralizar as ações não somente distribuindo preservativos, mas também fornecendo orientação sobre métodos de planejamento familiar, saúde sexual e suas implicações morais são bem-vindas.
Claro que a sociedade possui um papel importante. Apoiar a mãe solteira, em vez de discriminá-la, e não aceitar passivamente que os homens rejeitem cada vez mais seus filhos nascidos de ligações ilícitas são medidas que, tomadas com eficiência, ajudariam a combater o aborto e a melhorar a vida social de milhares de mulheres carentes.
Com ou sem lei, é necessário que as mulheres parem de dar desculpas para impedirem o nascimento de uma nova vida. Com ou sem condições, assumir as responsabilidades que lhes cabem é um dever como ser humano e como cidadão.

Letícia Iambasso